segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

TAXONOMIA


A partir de épocas remotas, quando o homem passou a deixar vestí¬gios de sua existência na Terra, pôde-se perceber o interesse que os mesmos tinham em conhecer melhor o mundo em que viviam e suas rela¬ções com os demais seres vivos.
Passando por um processo evolutivo, o homem pôde perceber que para conhecer melhor a imensa diversidade de espécies que habitam a Terra, teria de organizar uma estrutura que facilitaria seus estudos. Co¬meçou por agrupar os seres vivos, estabelecendo para isso alguns crité¬rios, tais como as características externas, comuns a alguns seres vivos. A parte da Biologia que procura organizar e classificar os seres vivos é conhecida como "taxionomia" (do grego taxis = ordem).
Com o decorrer dos tempos, foram propostos vários sistemas para classificar os seres vivos. As primeiras classificações baseavam-se nas características externas e, quanto mais parecidos, maior seria o grau de parentesco. Com o passar dos tempos, os métodos de classificação foram-se modernizando e sendo codificados por meio de nomenclatura própria.
Em 1735, o botânico sueco Cari von Linné (Lineu) estabeleceu um sistema para classificar os seres vivos, propondo também os nomes para cada agrupamento, obedecendo sempre a uma hierarquia.
Nessa hierarquia a unidade de classificação é a espécie, que Lineu definiu como sendo um agrupamento de seres vivos semelhantes anatomicamente. No século XVII, dominava o pensamento fixista ou da imutabilidade das espécies, ou seja, os seres foram criados a partir de uma forma fixa e imutável. E todos os demais eram cópias do original. Quando não idênticas, falava-se em cópias imperfeitas do ideal. O siste¬ma de classificação estabelecido por Lineu, apesar de ter sofrido algu¬mas adaptações, é válida até hoje. Estabelecido o termo espécie, como sendo a unidade de classificação, espécies semelhantes foram agrupa¬das em outra categoria - o género.
Do mesmo modo, os géneros podem ser reunidos, formando famíli¬as. Famílias podem ser reunidas, formando ordens. Ordens são reunidas em classes. As classes podem ser reunidas, formando filós. Filós se reú¬nem formando reinos. O reino é a categoria taxonômica mais abrangente de classificação.

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA
Vimos anteriormente que o sistema de classificação formulado por Lineu (1735) é válido até hoje. Mas Lineu não só classificou os seres vivos dentro de categorias hierárquicas, como também adotou um siste¬ma de nomenclatura, que é utilizado até hoje, conhecido como Sistema binominal de nomenclatura. Isso quer dizer que o nome de uma espécie é sempre composto, ou seja, formado por duas palavras. O primeiro nome se refere ao género, e o segundo, à espécie. Por exemplo: o cão e o lobo pertencem ao mesmo género - Canis - mas pertencem a espécies dife¬rentes. O cão pertence à espécie Canis familiares, e o lobo, à espécie Canis lúpus. Quanto ao idioma em que deveria ser escrito o nome cientí¬fico, Lineu concluiu que o ideal seria utilizar uma nomenclatura universal (comum a todos os cientistas, independentemente da nacionalidade) e que não sofresse modificações.
O latim, por ser uma língua morta, foi a escolhida. Com essas pro¬postas, Lineu teve o mérito de uniformizar universalmente a nomenclatu¬ra dos seres vivos.
Alguns exemplos de classificações e nomenclaturas:

AS PRINCIPAIS REGRAS DE NOMENCLATURA
Todo nome científico deve ser escrito em latim.
O nome científico de um ser vivo deve sempre ter duas palavras: a primeira refere-se ao género, e a segunda, à espécie.
O nome do género deve ser escrito com inicial maiúscula, e o da espécie com minúscula; exemplos: Homo sapiens (homem) Canis familiaris .cão) Zea mays (milho).
O nome científico, tanto do género como da espécie, deve ser escrito de modo a se destacar do texto (manuscrito, deve ser sublinhado e em imprensa deve-se utilizar o itálico.
Quando ocorrem subdivisões das categorias taxonômicas, por exem¬plo: subespécie, subgênero, subclasse etc., o nome da subespécie deve vir depois do nome da espécie e em letra minúscula; exemplo: Crotalus terrificus durissus (cascavel da América Central).
O nome científico do subgênero deve vir entre o nome do género e da espécie, e deve ser escrito entre parênteses e com a inicial maiúscula.
Exemplo: Anophheles (Nyssurhyunchus) darlingi- (um tipo de mosquito).
Quando se deseja mencionar o autor e a data que descreve a espécie, seu nome e data vêm depois da espécie.
Exemplo: Trypanosoma cruzi Chagas, 1909 (protozoário que transmi¬te a doença de Chagas)
O nome das famílias deriva do género, acrescido da terminação idae. Exemplificando: Homo (género da espécie humana) família Hominidade.
Com o passar dos tempos, os critérios de classificação foram toman¬do novos rumos, pois a humanidade, acumulando conhecimentos, pas¬sou a contestar alguns princípios estipulados por Lineu, como a ideia da imutabilidade ou fixismo.
Com os trabalhos de Darwin, sobre a evolução das espécies e o pro¬cesso de seleção natural, prevaleceu a ideia de que os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência. E a seleção natural, agindo sobre determinado grupo, pode provocar transformações, podendo levar à constituição de uma nova espécie; contestando assim a ideia de Lineu, de que as espécies eram imutáveis.
Atualmente, os recursos que permitem determinar o grau de parentesco entre seres vivos estão bastantes sofisticados. Semelhanças são examina¬das até o nível de DNA: a sequência de aminoácidos em uma proteína varia de espécie para espécie; por isso, quanto maior forem as diferenças entre as sequências de aminoácidos, menor será o grau de parentesco.
E a diferenciação de espécie proposta por Lineu hoje passou a ter uma nova definição: espécie designa um conjunto de seres semelhantes capazes de se cruzar entre si em condições naturais, produzindo descendentes férteis.

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